terça-feira, 18 de agosto de 2009

Era a minha segunda consulta com o psiquiatra

Sempre a mesma rotina.
Chegava , sentava-me, e ele pedia-me para falar. Sentada numa poltrona rija , pouco característica de um consultório psiquiatra, falava, e ele que fazia? Ouvia e escrevia… ouvia e escrevia…mas que raio...para isso, basta-me um diário, e ainda sai mais barato.
O consultório era frio, e a minha pele arrepiada mostrava-me o quão doloroso estava a ser para ela, a sua presença ali. O medico, mostrando sempre a mesma feição indiferente irritava-me- parecia que estava ausente, e a minha historia pouco ou nada lhe interessava. Estava tudo tão mecanizado que mesmo sem ouvir uma única palavra , escrevia-a , sem hesitar. Pronto, até podia ouvir, mas uma coisa era certa, a única pessoa a interioriza-la, era eu. Só eu sentia aquilo. As lágrimas escorriam, e ele nem por uma vez fez uma feição simpática e carinhosa, que alegraria só de olhar…Oferecia-me um lenço( era o único momento que em via alguma reacção da parte dele), e eu lá aceitava. Falava , falava… falava, e ele continuava a escrever.
No final da consulta, aumentava-me a dose de calmantes, ansioliticos e ainda mais algumas drogas,enviando-me depois para casa.
Eram assim os meus dias… chegava, contava uma historia de embalar, e no final pagava. Concluindo, passados os 60 minutos, ele eliminava a minha historia da sua cabeça, a fim de a preencher com a do doente seguinte, e eu? Eu regressava a casa. Aliás, nos! Eu e a minha historia


Ps: para além de deprimida, ainda regressava a casa constipada!

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