terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Amor até a morte!

- Cabrão! Sim é o que ele é- dizia Miriam com ar de revolta e enxugando as lágrimas, antes mesmo que alguém se apercebesse do seu estado.

- Calma Miriam! Vai tudo correr bem! E como tens tanta certeza disso? – perguntava Ana, como se não houvesse provas mais do que evidentes. A verdade é que ela mesma, sempre suspeitara, mas enfim… queria ajudar a amiga, e evitar que ela sofresse,como sofrera naquele momento. Todos sabiam mas para evitar aquele sofrimento imediato, preferiam adiar um sofrimento inevitável.

- claro que sim! Mas ainda duvidas? Merda Ana! Chega! Ele é apenas mais um! Igual a tantos outros. E quem me garante que já não me mentia, mesmo antes de nos casarmos?

- Não o vais perdoar?- perguntava Ana, com cara de arrependido pela pergunta que fizera, antes mesmo de a terminar.

- Estás a brincar? Ele anda com uma cabra qualquer e achas que merece uma segunda hipótese? Tem dó!

- E que lhe vais dizer?- dizia Ana.

Ana sempre fora uma amiga excepcional, e na maioria das vezes, alguém um pouco humilde, esquecendo não só o seu talento, como a sua própria vida! Preocupava-se em demasia com o seu redor, esquecendo o mundo interior em que vivia, e que lhe dava alguns problemas. A verdade é que apresentava um sorriso meigo disponível a qualquer segundo para Miriam.

- Ana, acorda! Aquele homem, nem a minha saliva merece. Puta que o pariu.

Esta é apenas mais uma das realidades em que vivemos e que infelizmente nos força a saber lidar com ela. O humano para além de racional(que o torna diferente dos comuns animais), também se assemelha a eles, pelo simples facto de agir por impulsos. O nosso próprio instinto leva-nos à maioria das vezes a atitudes menos próprias, e que magoam os que mais amamos.

Curiosidade: Os pinguins são uma das poucas espécies “monógamas”. Demoram anos e anos até encontrarem uma “pinguina” que lhes aqueça o coração.Mas quando surgem... procuram a rocha mais bonita que encontrarem, e oferecem. Segue-se um ruído barulhento, mas comovente, e aí… já nada há a fazer! Amor até a morte!

sábado, 23 de janeiro de 2010

A Beautiful Lie

Vagueio sobre uma estrada de alcatrão, onde protegida pela sombra de árvores, de formas assustadoras, riu-me do que vivo, e vivi até ao dia de hoje.
Dou por mim , chorando de desprezo por mim própria , demonstrando uma certa angustia da mentira em que vivo. Mentira! Bonita , mas mentira.
Podia correr, ou fugir para longe, mas esta estrada, sem desvios possíveis, leva-me em direcção ao habitual, não podendo evitar o sentido que dei à vida. Significado inexplicável, e sem definição possível.
As lágrimas escorrem-me pelo rosto, em sentido ascendente, e tudo porque houve o dia em que virei o meu pequeno mundo solitário, de pernas para o ar. De inicio estranhava, mas hoje, hoje riu do que penetrei na minha existência.
. Que merda de vida, sem sentimentos. Quantas vez grito enraivecida de sentir tudo, e hoje, que nada sinto, choro. Sinto-me vazia,e portanto, sem noção do que é realmente viver. Tresloucada, sinto que tudo fala , dirigindo-me cada palavra, e vendo apenas o movimento dos lábios… Nada ouço! Não seria para mim? Então porque me olham?
Para! Chega!- dizia eu. Não me ouviam, ou fingindo não ouvir,continuavam e cada vez com maior intensidade. Aquele olhar fúnebre assustava-me.
O diferente sempre foi motivo para me assustar, daí ainda hoje, não perceber o porque da tua entrada nesta espécie de vida, sem alma, e rotineira. Viras tudo, não arrumando no final. Já que surgiste podias levar tudo até ao fim, e deixar “igual” … Palavras sem sentido, e sem um inicio e fim presente. Sinto uma súbita reviravolta, que me entrelaça no meu próprio corpo, e me torna contrariamente ao habitual, alguém impulsivo.
Podias partir e deixar-me só!

Cobarde e sem expressão, foi assim em que me tornei.
Ouço uma musica enquanto escrevo, e deparo-me com o nome do álbum… “A Beautiful Lie”

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Derrubaste tudo que plantei

Chegaste e quebraste toda a paz, e estabilidade que um dia construira. A forma súbita com que penetras no meu caminho, tornou-te o pior dos meus pesadelos.

Nego esta duvida que me intriga a cada segundo, e corro para os teus braços, onde me enforco de paz e desejo. Hoje,primeiro dia de desmame, fazes-me chorar de angustia, evitando pensar, que a primeira possa ter sido a ultima.

Falo sem pensar, e ajo de forma pouco pensada, procurando de forma rebuscada todo o sentimento que em ti procurei. Podia ser o nosso segredo, e ter-te-ia num estalar de dedos. És o meu maior perigo. O meu maior desejo.

Negas-me a existência de um habito, por ti imposto. Porquê? Pergunto-te inúmeras vezes, e respondes-me da mesma forma arrogante, e certa, que um dia me convenceu. Porque sim! Porque queres!

Fazes-me mal , do bem que me fazes!

Revolucionaste o meio em que presenciava toda a paz por mim ansiada. Digo-te adeus, e simultaneamente ao teu ponto parágrafo…regresso. Este separar de segundos, leva-me a um ardor repugnante e que ainda hoje me magoa.

Prurido, ou simplesmente mágoa… foi com isto que me deixaste… Cansada, perdida e sem forças. Derruba-me! À vontade…

Ao menos, tenho-te !

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

sentimento que me entrenha

Perco horas de sono, envolvendo-me com cada um, e repetindo-os a fim de os tornar diferentes. Repito e não me canso. Momentos estranhos , que me tornam frágil, e pouco consciente do certo e errado. Contorço-me de agrado e de angustia, como que se cada um me penetrasse e fizesse reviver sentimentos patológicos, sem fim aparente, mas que me tornam rejuvenescida. Adormeço com cada um, e acordo com outro.Penso, interpreto, e depois de tanta concepção a que conclusão chego? A nenhuma! A vida é feita para viver, e depois, quem ficar… que reflicta. Chamar-me-ão de ingénua, ou até mesmo de audaz e intolerante. Chamem! Vivi!
Entranha-se como um fármaco forte que me leva a suplicar a sua dose. Sentimento indesejável e pouco compreendido, de tão apetecível que se torna. A cada dose, imagino a próxima, suplicando pela seguinte, e ansiando para que não termine.
Escondo-me por de trás da almofada branca, que enxuga as minhas lágrimas, e a cada decilitro de saliva perdida, conto-lhe cada encontro… cada pensamento. Fazem-me mal, do bem que me fazem! Fazem-me sentir estranha, ou até mesma doida, e hoje, comprovei-o, assim que terminei o diálogo com a minha almofada. Respondia-me de forma estranha, e apenas hoje, ausente destes pensamentos, percebi que a sua voz,reflectia o meu consciente,e que chega até mim, com uma voz tremida .

Por hoje chega. Desejo repousar sobre a minha ouvinte, e viajar novamente pelo mundo encantado dos devaneios.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Há bestas neste mundo que em vez de terra, acartam chumbo


Estava eu numa das passadeiras para peões (em Coimbra) quando me deparo com uma situação, embaraçosa, e um pouco vergonhosa (no meu ponto de vista). Como se deve saber, nestas passadeiras, quando estamos a meio da estrada que pretendemos atravessar, se olharmos para o desenho do peão, verificamos que nesse momento, já se encontra a piscar, o que me indica que ou me despacho, ou sou atropelada (no pior dos casos). Tenho 20 anos e isso ainda não é problema de todo, e tudo porque mal por mal, corro, e rapidamente chego ao outro lado da passadeira, podendo ainda fazer um conhecido sinal de dedo, expressando o meu desagrado , perante algum desconforto, e fúria espontânea de algum condutor, um pouco menos social, e compreensível. O que aconteceu, foi que assim que cheguei ao outro lado, já estava vermelho, tendo atravessado juntamente com uma senhora já idosa, e como tal , com umas pernas um pouco menos fortes que as minhas, impossibilitando-a de atravessar a estrada com a mesma rapidez que eu. Olhei para trás e reparei no comportamento pouco adulto de uma senhora, que ao colocar a cabeça, fora do vidro, expressa-se de forma pouco ética, perante esta senhora, com idade para ser sua mãe. Esta mulher possivelmente com conhecimentos e estudos, teve tudo, menos educação, dizendo palavras de certa forma incomodativas(até para mim, não estando envolvida no assunto) .

Arrepiou-me ver o quão egoístas e desumanas podem estas pessoas ser, incapazes de ver todo o resto, que não envolva o seu próprio umbigo. Custou-me ver aquela senhora , com idade para ser minha avó, correr de forma aflitiva sem ter coragem de um “ se queres, passa por cima”, e em oposto, calar e seguir o seu caminho. Que raio de pessoas são estas que envergonham o nosso país? Se compreensão não são o seu forte, ao menos que respeitam as rugas de muitos destes idosos. Enfim… era essa a minha questão … que pessoas são estas? Acho que perguntei em voz alta, porque rapidamente tive a minha resposta. Olhei para a senhora, e sorri, dando-lhe conforto. Olhou-me e disse : “há bestas neste mundo, que em vez de terra, carregam chumbo!”.

Ouvi e calei. Estava tudo dito!