sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

À luz do dia , olhas me de verde alaranjado

Estavam húmidos!

Percorri a minha mão tremelitante sobre a tua face, tocando te em pontos consecutivos. Pele húmida e salgada que me atormentava, e me obrigava a acariciar como que se tivesse receio que secasse. Passava os dedos pelos teus lábios, e estes secos, gretados e sem cor, pediam a sua companhia habitual. A verdade é que nem esta estava apta para os humedecer depois de tanta secura, e excreção desnecessária. Aproximo-me e sentes o vento da minha aproximação, o odor do meu corpo, e o hálito quente, que comunicava com o teu. O frio que nos rodeava enfraquecia-te e tornava-te rígido, e a mim , nervosa com medo que te partisses. Eras tao frágil! Procurava consolar-te e compensar-te por todo o mal. Queria proteger-te e fortalecer-te para que me conseguisses proteger minutos depois.

Ambos, frágeis, adormecemos…

Engraçado como é crucial o ambiente pesado , para darmos valor à leveza do amor!

E foi assim que a menina tartaruga se apaixonou pelo peixe dourado.

domingo, 14 de novembro de 2010

Entediada e de pé atras...

Prendo me a cama, e deixo me ficar. Algemada espiritualmente a cada braço da cama, remouo vivencias passadas. Arrogância que te acompanha em momentos de duvida. Acumulas e atiras-me a cara cada uma, a uma velocidade exorbitante, batendo com uma força fora do normal… Sangue pisado emergido à superfície. Sufoco neste ser que me transformei, e vejo o redor mover-se . pedes justificações e respostas a perguntas que para mim me tornam pequena e rebaixada.
Fujo por um caminho escuro entre casas abandonadas e risos provenientes de um tesouro familiar. Trocas-me as voltas e o meu sentido de orientação.

Não sei para que lado vá…O novo assusta-me e o conhecido entedia-me .

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Quem é que vai a guerra e deixa as armas em casa?

Aperto com a minha mão o pulso da mao oposta. Aperto! Aperto com toda a força que tenho. Os cortes, afogados em sangue são pressionados com toda a força que possuo. Não é muita, garanto! É a suficiente para me tornar enfraquecida e poder “ir” rápido.

Afinal não é hoje o dia! Aguenta! Os meus dedos marcam um azul arrocheado sobre a minha pele morena. Parece que liberta a quantidade certa de endorfinas, suficientes para me aguentar mais um dia. Esta sensação de prazer atenua a dor que sinto por não te ver. As minhas veias inflamadas mostram o quão sou fraca e não sei viver. Menina fraca e sem forças que luta sem espada e escudo.

Quem é que vai a guerra e deixa as armas em casa?

R: Aqueles que vao à guerra, mas não querem ganhar a batalha.

A guerra acabou. Puseste-lhe um fim! Parabéns!

domingo, 31 de outubro de 2010

Habituei-me ao monocromático!

O frio que me corre nas veias forma bolhas de ar que com qualquer rajada, congela. O quarto está ameno, mas eu, fria e ausente de sensações, arrepio-me com o quente que me rodeia. Parece estúpido ao ponto de não perceber que por mais que me toque, o gelo que me abraça e embala, há muito que me acompanha. Aliás até vos posso contar… um dia enquanto dormia, disse-me ao ouvido “não te deixo mais!”. E assim foi, passado anos, ainda aqui estou : gélida e insensível.

Apercebo-me que que o quente que possuía, levou toda a coragem que alguma vez poderia ter. Agora, sem mínimas forças contento-me com o pouco que posso ter, e rejeito o muito que sonho encontrar! Encontrei!

Mais uma vez o gelo e insensibilidade que um dia se apoderaram de mim sem pedir autorização, hoje rasgam a minha pele como esponjas que estriam com o uso. Habituei-me a esta pele marcada e pouco reluzente que me acompanha , vendo o brilho que há ao longe. Brilho que me quer perto, e que o deixo ir! Não que goste da minha pele baça, mas porque me habituei à falta de cor.

Hoje... adorava partir para um país quente, que me mostrasse o que o Brilho tem de bonito!

(Espero que alguém perceba o que quero dizer! Caso contrário, nada disto faz sentido!)

sábado, 25 de setembro de 2010

Episódio!

Prevejo uns dias frios e escuros de Inverno a sobrevoar o meu caloroso e luminoso quarto. O contraste provoca um monocromático, que de tão arrepiante me veste de vermelho, amarelo e todas as cores que possam atenuar este amargo que sinto na boca. Parece que te vejo em todas as esquinas , obrigando-me passar para o outro lado da estrada, a fim de não reconhecer esse teu cheiro que ainda hoje encontro nas minhas roupas. Esfrego com sabão a minha mente a fim de a tornar limpa. Limpida, ausente de qualquer miasma maligno que em tempos entrou na minha vida. Ideia estúpida de quem acredita em príncipes e sapos verdes… qualquer um vê que não passam de palavras desejadas, mas que sem solução aparente, desmorona este castelo que tenho vindo a construir.

Vou dormir a acordar no final do próximo mês. Serei a mesma e outra simultaneamente. Até lá, estarei aí e não estarei. Presente e ausente de sentimentos!

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Beleza invulgar cheia de defeitos vulgarmente observáveis

Doce olhar repleto de amargos contrastes dourados, visíveis num brilhante fundo negro que enfeitiça o meu gosto. Transbordas um nada encantador onde nele me revejo. Amarguras-me o dia com toda a tua arrogância a cair para o desvanecida, mascarando todo o meu corpo enferrujado, e que tu teimas em agilizar. De tão bom, te detesto.
Destesto-te a ti e ao teu estúpido sentido de humor. Consideras-te grande, mais o maior em ti é o teu próprio numero de calçado. Arrastas-te com as tuas inseguranças parvas de menino adulto com tendência a debilidade mental . Teu corpo pede descanso, mas o teu estúpido ego não o pára. Corres em torno de ti próprio como se não te conhecesses o suficiente. Como se procurasses algo. Expliquei-te uma série de vezes que o teu sistemático trajecto é demasiado curto para alguém tão grande, ou que pelo menos o considera. Uma vez disse-o, teve de ser ( saiu-me a uma velocidade exorbitante, ou pelo menos, superior à dos teus passos) “pára! Não vês que estás à dias no mesmo sitio?”

Pahh (sonoro proveniente do impacto do teu corpo com a realidade inevitável) – levaste um estalo tão grande , que de grande te tornaste pequeno e de pequeno passaste a humilde.
Agora descansa amor! Andas à dias a correr!

sexta-feira, 25 de junho de 2010

PS:

Eu fujo! Juro que fujo! Mas eles correm tão rápido. Seguem-me a uma velocidade exorbitante,Possuindo-me e usando o meu corpo como um simples vector , para que possa espelhá-los.Afogo o meu ser nesse mar negro que um dia provocaste e fujo dessa praia cinzenta, cheia de nadas espalhados, como simples rochedos onde te deitas e esperas pela radiação quente e direccionada do sol.

A tempestade que trouxeste, ondulou o meu corpo como um raio amarelo que ilumina o céu negro de uma noite quente, mas que provoca inúmeras estragos. Foi isso que fizeste! Mudaste o meu dia, voltaste-o de pernas para o ar, e fugiste não deixando explicações.Tudo por causa deles... eles, os sentimentos!

Maldita a hora em que apareceste e deixaste-me sem pedir autorização.


Ps: Merda para o dia que me fez sorrir, e me provocou lágrimas na hora do adeus!

sábado, 19 de junho de 2010

Hoje não! Por favor não!

Pedi-te por favor, e mesmo assim fizeste-o! O confronto com a negação tornou-me friável, apta a romper a minha pele, ao fim de um grito arrepiante e “desvanecedor”, até mesmo do outro lado do mundo! A minha pele morena rasgava-se a cada palavra fria que ias dizendo. A tua rejeição tornou-se a minha maior dor, Desprezo que me intrigava e que hoje percebi o porquê. Grito-te “porque hoje?”: grito suave de tão potente e sincero que era. Parece uma contradição, mas não! És o meu maior pesadelo, e o meu melhor segredo. Intrigas-me com a tua frieza e capacidade de ver o mundo dessa forma. Qual ? essa… essa mesmo! Essa de te afastares e ver o dia a passar, enquanto permaneces escondido atrás dessa velha árvore que há muito te esconde. Só eu sei onde fica! Só eu sei onde permanece! Só eu conheço esse cheiro a resina que trazes contigo, nessa camisa branca, suja de natureza e embriagada desse rio que te circundava. A ti! A essa “vidinha” horripilante.

Chega! Por mim… HOJE chega!

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Saudade


Sinto falta do dia em que apareceste e permaneceste perto de mim. Sensação estranha e arrepiante que me abria os poros,e penetrando dentro de mim todos os miasmas malignos, me fazias sorrir.

O odor do teu carinho envenenou-me, provocando-me este mal estar inevitável e que hoje me livro. Contrariamente ao que andava à procura, encontrei-te. Não fazia questão.

Eras um pequeno pássaro que me cantava aos ouvidos, e me fazia suspirar pelo dia de Verão que tanto admiravas, e eu, que tão diferente de ti, pedia sombra. Contradigo-me ? Eu sei! Foi assim desde o primeiro segundo.

A minha mão tocava na tua pele macia, e expelia dor constrastante à sensação de paz que me provocavas.

Vais-me fazer recordar dias de Primavera laranja esverdeados! Como não acabam… também não se esquecem. Tal como tu!


Saudade é apenas aquilo que fica. Aliás aquilo que sobra.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Abandonaste a historia que um dia eu escrevi


Tornas cada palavra um borrão sem significado e sem sotaque possível. Expressão desalmada que me acalmava durante a noite, e me acariciava até adormecer. Foste embora e deixaste-me só. No andar de cima, não te ouço; na janela não te vejo, e até a passear , não te encontro. Evaporaste?


Sai dessa bola insuflável que te protege e só a mim me magoa. Aparece e acena-me como se não me visses desde a última vez! Parece que me repito, mas apenas demonstro a dor que se repete e que então permanece.
Beleza discreta com pormeno
res acentuados.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Amargo do doce que se tornou

Transbordava açúcar por todos os poros. Era um bolo de chocolate que um dia cobrimos e em que colocámos pedaços de noz , por ti partida. Foi assim que tudo começou. Uma relação doce e terna que de tão calorífica, se tornou amarga. Queríamos tanto que acabamos por nos lambuzar do algo que um dia nos faria mal. Todos me avisavam… “olha que é bom, mas far-te-á mal!” Não ouvia. Fazia de conta que não se dirigiam a mim e entre cada garfada açucarada, ria, deixando-me levar pelo doce e prazeroso momento que um dia me dediquei a ter.

É esse o problema de muitos de nós! Deixamo-nos levar pela doçura de um segundo,com o fim de obtermos um futuro bem mais doce que o passado , que sempre comparamos ao amargo.

Posso desde já comparar a um problema real a que estamos habituados … “ obesidade”e mostrar que também isto- vida adocicada, se torna um vicio e nos leva a abdicar de momentos amargos, de tão estáveis que se tornam.


(Depois de ler o que escrevi… apercebi-me que não retratava não só de obesidade, como de coisa alguma… Estranho!)

PS: Eu gosto do amargo!

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Hoje foi diferente!

Hoje, na minha terceira semana de estágio num dos muitos matadouros de Portugal, apercebi-me do crime que cometemos todos os dias, e de sorriso na cara! Eram 7 da manha, quando andava num dos passadiços “aéreos” de um dos compartimentos sanitários, analisando a olho nú o comportamento animal, a fim de me aperceber do possível ou não,bem estar animal . Hoje custou-me! As vacas estavam agitadas, nervosas, e aquele barulho por elas produzido, de forma ensurdecedora, entranhava-se , provocando uma dor inevitável. Os bovinos sempre foram animais fortes, e de porte intimidador, mas hoje reparei numa das características mais meigas que um animal tão assustador, pode projectar. O seu olhar! Olhos negros, e esbugalhados, projectados para o exterior, como se quisessem fugir da fronte daquele animal. Transbordavam medo! Estavam num meio diferente do habitual, juntamente como muitos mais dessa mesma espécie ( Nem imagino o que lhes vai na cabeça num desses momentos tão assustadores). Se Todos nós temos medo do “novo”, o que pensará uma vaca inofensiva, num dos muitos corredores escuros, húmidos e frios, que a levam até à morte?
A minha primeira citação foi: “coitadinhos” Impressionante como eu , e muitos mais, pensamos assim, mas quando a vimos no prato, em forma de “não bicho”, sorrimos entre cada garfada.

Ps: Ainda ouço o mugir daquela vaca bege, linda, que me apresentaram in vivo, e minutos depois, me despedi, enquanto inspeccionava as suas vísceras.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Amor até a morte!

- Cabrão! Sim é o que ele é- dizia Miriam com ar de revolta e enxugando as lágrimas, antes mesmo que alguém se apercebesse do seu estado.

- Calma Miriam! Vai tudo correr bem! E como tens tanta certeza disso? – perguntava Ana, como se não houvesse provas mais do que evidentes. A verdade é que ela mesma, sempre suspeitara, mas enfim… queria ajudar a amiga, e evitar que ela sofresse,como sofrera naquele momento. Todos sabiam mas para evitar aquele sofrimento imediato, preferiam adiar um sofrimento inevitável.

- claro que sim! Mas ainda duvidas? Merda Ana! Chega! Ele é apenas mais um! Igual a tantos outros. E quem me garante que já não me mentia, mesmo antes de nos casarmos?

- Não o vais perdoar?- perguntava Ana, com cara de arrependido pela pergunta que fizera, antes mesmo de a terminar.

- Estás a brincar? Ele anda com uma cabra qualquer e achas que merece uma segunda hipótese? Tem dó!

- E que lhe vais dizer?- dizia Ana.

Ana sempre fora uma amiga excepcional, e na maioria das vezes, alguém um pouco humilde, esquecendo não só o seu talento, como a sua própria vida! Preocupava-se em demasia com o seu redor, esquecendo o mundo interior em que vivia, e que lhe dava alguns problemas. A verdade é que apresentava um sorriso meigo disponível a qualquer segundo para Miriam.

- Ana, acorda! Aquele homem, nem a minha saliva merece. Puta que o pariu.

Esta é apenas mais uma das realidades em que vivemos e que infelizmente nos força a saber lidar com ela. O humano para além de racional(que o torna diferente dos comuns animais), também se assemelha a eles, pelo simples facto de agir por impulsos. O nosso próprio instinto leva-nos à maioria das vezes a atitudes menos próprias, e que magoam os que mais amamos.

Curiosidade: Os pinguins são uma das poucas espécies “monógamas”. Demoram anos e anos até encontrarem uma “pinguina” que lhes aqueça o coração.Mas quando surgem... procuram a rocha mais bonita que encontrarem, e oferecem. Segue-se um ruído barulhento, mas comovente, e aí… já nada há a fazer! Amor até a morte!