Aparentava uma certa deficiência, ou um simples atraso que infelizmente a tornava diferente dos outros. Mas e então? Diferentes, somos todos nós! Quem é igual a mim? Quem é igual a ti? As vezes pergunto-me o porque de muitos de nós, simples humanos, que teimamos em afirmar que somos racionais ( por vezes pouco, caindo para o nulo)ainda não sabemos lidar com a diferença.
Observei-a a viagem toda. Vi coisas estranhas, e outras normais e bonitas. Dentro das coisas que designamos estranhas, e que por vezes de estranho não tem nada, observava uma beleza especial- mais uma vez , diferente.
Admito, o meu olhar não a largou por um instante, mas afirmo, nem por uma vez a olhei de forma diferente, e com “tom” depreciativo. Olhei-a a fim de perceber aquele mundo, e infelizmente vi… O mundo em que vivia era negro e repleto de tudo… Repleto de comentários estúpidos, e ignorantes, ditos por pessoas que se consideram maiores de idade e quem sabe de inteligência superior à média. Pessoas mal formadas, e com ritmo de vida lento, não sabendo acompanhar a diferença.
“Que bonita! Olha para ela! Miau, Miau”
Enquanto miavam ao ouvido daquela senhora, eu pensava… Que pena que esta percentagem de deficientes, não tenha calhado apenas, à família de muitos destes homens. Quem sabe se não era a única forma de crescerem, e verem o quão mal, fizeram aquela senhora.
Saiu na penúltima paragem, e pensei…
Quem sabe se não era a primeira vez que fazia esta viagem. Os destinos mudam… variam. E os comentários? Os comentários são todos da mesma espécie…