quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Amargo do doce que se tornou

Transbordava açúcar por todos os poros. Era um bolo de chocolate que um dia cobrimos e em que colocámos pedaços de noz , por ti partida. Foi assim que tudo começou. Uma relação doce e terna que de tão calorífica, se tornou amarga. Queríamos tanto que acabamos por nos lambuzar do algo que um dia nos faria mal. Todos me avisavam… “olha que é bom, mas far-te-á mal!” Não ouvia. Fazia de conta que não se dirigiam a mim e entre cada garfada açucarada, ria, deixando-me levar pelo doce e prazeroso momento que um dia me dediquei a ter.

É esse o problema de muitos de nós! Deixamo-nos levar pela doçura de um segundo,com o fim de obtermos um futuro bem mais doce que o passado , que sempre comparamos ao amargo.

Posso desde já comparar a um problema real a que estamos habituados … “ obesidade”e mostrar que também isto- vida adocicada, se torna um vicio e nos leva a abdicar de momentos amargos, de tão estáveis que se tornam.


(Depois de ler o que escrevi… apercebi-me que não retratava não só de obesidade, como de coisa alguma… Estranho!)

PS: Eu gosto do amargo!

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Hoje foi diferente!

Hoje, na minha terceira semana de estágio num dos muitos matadouros de Portugal, apercebi-me do crime que cometemos todos os dias, e de sorriso na cara! Eram 7 da manha, quando andava num dos passadiços “aéreos” de um dos compartimentos sanitários, analisando a olho nú o comportamento animal, a fim de me aperceber do possível ou não,bem estar animal . Hoje custou-me! As vacas estavam agitadas, nervosas, e aquele barulho por elas produzido, de forma ensurdecedora, entranhava-se , provocando uma dor inevitável. Os bovinos sempre foram animais fortes, e de porte intimidador, mas hoje reparei numa das características mais meigas que um animal tão assustador, pode projectar. O seu olhar! Olhos negros, e esbugalhados, projectados para o exterior, como se quisessem fugir da fronte daquele animal. Transbordavam medo! Estavam num meio diferente do habitual, juntamente como muitos mais dessa mesma espécie ( Nem imagino o que lhes vai na cabeça num desses momentos tão assustadores). Se Todos nós temos medo do “novo”, o que pensará uma vaca inofensiva, num dos muitos corredores escuros, húmidos e frios, que a levam até à morte?
A minha primeira citação foi: “coitadinhos” Impressionante como eu , e muitos mais, pensamos assim, mas quando a vimos no prato, em forma de “não bicho”, sorrimos entre cada garfada.

Ps: Ainda ouço o mugir daquela vaca bege, linda, que me apresentaram in vivo, e minutos depois, me despedi, enquanto inspeccionava as suas vísceras.