sexta-feira, 10 de julho de 2009

Por vezes os atalhos não compensam


Não consigo deixar de pensar naquela noite!
Passeava em direcção à minha casa, e como era habitual fazer, fui por entre becos e becos com o intuito de chegar a casa o mais rápido possível – a noite estava fria, e pelo caminho fazia planos do que iria fazer mal chegasse a casa (pensei em deitar-me e ver um filme, no calor da minha cama). Planos, desejos, vontades pouco ou nada realizados.
Encontrei-o! Homem com cerca de 39 anos, que vinha na minha direcção ( a rua era demasiado estreita, para concluir previamente, que viria ter comigo)- afinal, nem o conhecia! Pensamentos pouco realistas, mas que me faziam ficar descansada , e portanto menos assustada. Talvez, teria sido melhor deixar de pensar, e agir em primeiro plano! Talvez tivesse conseguido fugir e nada disto teria acontecido.
Aproximou-se e sem dizer uma única palavra, agarrou-me! Beijou-me e empurrou-me , fazendo-me cair sobre aquele chão imundo, repleto de pedras, areias, e pequeninos bichos que sempre me assustaram, mas que naquela noite, seriam belos, perante o horror que aquele homem me transmitiria.
“Larga-me”- disse eu. Nem uma resposta mereci…Desapertou-me os botões das calças, e de forma desajeitada e grosseira colocou as suas mãos ( ainda mais sujas do que aquele chão). Tentava defender-me, mas que hipótese teria uma menina de apenas 17 anos, perante um homem nojento como aquele de 39, 40 anos! Idade para ser meu pai, era a única coisa que via. Homem que nunca teria visto, e que naquela noite, em pequenos segundos, me fez sentir que o conhecera há muito tempo (pelo menos os actos foram de tal) . Assustada, tentei bater-lhe! Agressões que perante toda aquela brutalidade, manifestavam-se como carícias, que pouco ou nada me fazia defender. “vais ser preso, juro” - (nem estas palavras o faziam parar). Parecia um homem perdido e com tanto medo quanto eu, em que morte, ou prisão não eram motivos para o parar. Ele não teria nada a perder - mostrava não ter vida!Homem nojento, mas com um brilho nos olhos que me fez pensar o quanto estava a sofrer! Mesmo assim, o meu desejo era que morresse ali, mesmo em cima do meu corpo, corpo este que já não apresentava qualquer reacção. Percebi que não havia nada a fazer, a não ser aguentar e rezar para que tudo fosse muito rápido!
Invadiu-me, e abandonou o local. Fiquei ali! Deitada na imundice daquele chão, e de calças pelos joelhos. Não conseguia reagir- O meu corpo tremia , e inundada por todas aquelas lágrimas, permaneci ali. Ali. No local onde teria sido magoada e usada como se aquele fosse o meu papel.

Nessa noite, cheguei a casa horas depois do habitual ( a ideia de ir por atalhos, fez o oposto do suposto). Deitei-me e tal como tinha sido o meu desejo, a cama estava quentinha. O filme não o vi, mas o filme dessa noite permanecera no meu consciente. Adormeci e quando acordei, a minha almofada estava molhada.( o meu inconsciente chorou).

Hoje, continuo a não esquecer a cara daquele homem!

Há um ano que acordo com a almofada molhada!

2 comentários:

  1. Esta leitura criou em mim ingenuos sentimentos de raiva, face às pessoas que teem como habito faxer este tipo de actos sujos, e que não sofrem as consequencias de tal....
    Torna-se dificil de acreditar que ao virar da esquina se pode encontrar montes e montes de "monstros" sem escrupulos que faxem da sua vida uma autentica adrenalina de violaçºoes...
    Quantas e quantas pessoas ja passaram por tal pesadelo...e quantas o teem a sua espera....
    As pessoas n devem deslixar por becos e ruelas que xe lhes permite xegar mais rapido ao local pretendido...mas sim por atalhos que lhes possibilita o maximo de seguranxa....


    Infelixmente tudo isto é um tema presente constantemente no nosso dia a dia....restanos ajudarmo-nos enquanto seres humanos que somos .....

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  2. Horrores que infelizmente ocorrem todos os dias. Nada podemos fazer para o evitar, mas cabe-nos a nós agir quando sabemos ou suspeitamos de algum caso semelhante a este.
    Após tantas notícias destas, continuo sem conseguir entender como é possível chegar-se a um acto destes...

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