segunda-feira, 6 de julho de 2009

Quase que já nem doi!

Era a milésima vez que me tocavas.

A minha expressão já era pouco “expressiva”- igual à que “usava” nas compras ou até mesmo quando falava contigo em dias de “paz”. O meu corpo já estava habituado. Os hematomas quase que já nem se viam, ou demoravam a surgir. Realmente é verdade… com a prática acabamos por ganhar resistência- assunto doloroso, mas banal para tantas como eu.

O simples facto de ter invertido o sumo em cima da mesa, enervou-te! Estavas louco, e sem dizeres uma única palavra, fizeste aquele momento de adução,que aos poucos ias aperfeiçoando e que hoje já me acertava perfeitamente, e com força suficiente para cair sobre aquele chão branco, onde tantas vezes me teria contorcido, com as dores provocadas por atitudes tuas. Apanhaste-lhe o gosto, e hoje já nem precisas daquele copo habitual de vinho, para me tocar. Parecia o teu alvo onde libertavas todas as tuas angustias, e energia acumulada. Hoje recebo estas “carícias” e aceito-as. Não compreendo, mas aceito! Faz parte do meu dia a dia,e a sua ausência por vezes assusta-me. Será que no dia seguinte, haveria novamente paz , ou seria a dobrar? Preocupava-me!

“Homem de 48 anos assassinado em própria casa, por sua esposa , de 42 anos, que usava uma arma branca. Sabe-se que guarda audiência , e espera-se que seja condenada a uns 4 anos de prisão. Esta, desculpa-se como mais uma vitima de violência doméstica. Verídico ou não, são poucos os seus apoiantes..”.

In, Jornal do Dia

É este o mundo em que vivemos- Violência em casa e injustiças no tribunal.

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