segunda-feira, 29 de junho de 2009

Ali estáva ele (3º Parte)

Hoje, mais uma vez fui visitar o meu pai. Como sempre, o que mais me custou foi ver a sua cara triste e sem paciência, com a constante presença daquela lágrima salgada no canto direito do seu olho esquerdo. Doía-me tanto vê-lo assim! A sua presença naquela casa fazia-me mal, e feliz(difícil de entender, mas é o que sinto).
O egoísmo da minha parte “fala” mais alto, e a necessidade de o ter do meu lado, nos meus braços, é bem mais forte do que a vontade de o satisfazer, deixando-o seguir o seu caminho (o caminho dele seria bem diferente do meu, e era certo o meu não se cruzar com o dele) .
Todos os dias se despedia de mim com um beijo salgado, coberto de lágrimas, e com a tão conhecida e frequente palavra “Ajuda-me!” . Queria ajudá-lo, mas infelizmente a minha noção de ajuda seria diferente da dele. Para o ajudar teria de lhe fazer mal. É irónica esta injustiça da vida (teria de “matar “ o meu pai para que ele pudesse “viver” feliz).
Fazia-me mal, mas teria de ser forte e mostrar um sorriso na cara, porque expressão de angustia e de infelicidade, já bastaria a dele. Teria de tomar uma decisão. A lei estaria do meu lado, mas ambas não estaríamos do lado do meu pai.

Eu: Adeus Pai! Logo talvez ainda passe cá.
Ele: Não precisas filha. Trata mas é da tua vida.
Eu: Tu és a minha vida pai!
Ele: Não fales em vida. Eu não tenho vida. Eu sou apenas um estorvo que te ocupa as manhãs.
Eu: Não digas isso pai. Eu amo-te e só te quero bem
Ele: Se o quisesses, acabavas mesmo agora com o meu sofrimento
Eu: para isso, teria de te tirar da minha vida
Ele: Não, para isso terias de acabar com a minha vida. Só me tirarias da tua, se quisesses. Eu nunca me iria esquecer de ti filha. E outra coisa de que não me esqueço, é desta enorme vontade de me matar.
Eu: Adeus Pai!
Ele: Ajuda-me…

1 comentário:

  1. 'Cuando la vida es muerte, la muerte es vida y mi vida es mi propiedad privada. Eutanasia, please.'

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