terça-feira, 2 de junho de 2009

Noite dura


Eram 15:32 quando acordei. O meu corpo transpirava, colando-se ao meu pijama de ursinhos. O meu cabelo oleoso encontrava-se molhado, como se tivesse acordado de uma noite de verão intenso, em que Cada fio negro do meu cabelo apresentava vida própria, fugindo uns dos outros, e como resultado, apresentava um cabelo rebelde, com uma ponta para cada lado. O meu negro cabelo, combinava com os meus olhos… (Não, não era a íris que era negra, mas sim todo o redor do meu olho - Ainda tinha a “tinta” da noite anterior, que possivelmente, devido ao facto de ter sido agitava , me impossibilitou de lavar a cara , antes de me deitar). A minha roupa sobre a cama, e alguma ainda caída pelo chão, fez-me pensar, como teria sido a chegada a casa. Pensei.. pensei, mas nada recordei. A minha roupa transportava um odor intenso e desagradável a tabaco… O meu hálito a álcool demonstrava como teria sido agitada aquela noite. Dirigi-me à casa de banho, e assim que me olhei ao espelho, não vi o cabelo oleoso, nem os meus olhos esbugalhados libertando lágrimas escuras, provenientes de toda aquela maquilhagem. Vi um corte na testa, que apesar de pequeno, libertava gotas de sangue em direcção ao meu olho. Assustei-me ! não pela gravidade do corte, porque era mínima, mas sim pela razão pela qual eu o apresentaria. De volta a cama reflecti em tudo isto. Fez me pensar em muita coisa e Alguma lição iria tirar desta situação. É impressionante como fazemos as maiores asneiras da nossa vida, bebendo até cair de podres. O que acontece ou não , fica por vezes no segredo dos deuses, e isso é o nosso pior castigo. A ansiedade em lembrar-me da noite anterior, fazia-me acreditar que a próxima seria diferente. Por vezes, são nessas noites que fazemos as piores asneiras da nossa vida. O meu coração batia cada vez mais. Sentia-me ansiosa. O meu corpo tremia como se não houvesse amanha. MAS QUE SE PASSA??? Toca o telemóvel e recebo uma chamada da Inês . Atendo , e do outro lado ouço : “ Ana , ele não resistiu. Os médicos disseram que já não havia nada a fazer ”… de repente tudo bateu certo. Após ter terminado a chamada, sem ter dito nenhuma palavra, lembrei me de tudo! O João deixou-me em casa, e segundo a Inês, enquanto se dirigia para casa, teve um acidente grave (ele não teria parado nos semáforos) … Conclusão- um grupo de jovens teria saído e tal como acontece com a maioria de todos nós, não tiveram cuidado com a quantidade de álcool ingerido, e como tal, os acidentes não acontecem só aos outros.

Ana

Escrito por: Bárbara Rocha

2 comentários:

  1. O facilitismo impera.
    "É só até ali..."
    "Bebi mais que o normal, mas conduzirei em segurança..."
    "Até minha casa não haverá uma operação stop..."
    Repetimos inúmeras vezes estas frases e outras que tais. Na maioria das vezes, acreditamos mesmo naquilo que dizemos. Frequentemente, no calor da noite e com a natural perda de consciência trazida até nós pelo álcool, esquecemo-nos que temos à nossa responsabilidade a vida daqueles de quem mais gostamos.
    Numa fracção de segundo, uma longa e divertida noitada pode transformar-se no pior pesadelo.
    É pena que não raramente seja necessária uma tragédia próxima para que caiamos em nós.
    Contra mim falo. Por mim e pelos outros, reflicto. E pensando, mais uma vez, "se calhar só acontece aos outros".

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  2. Lindo.. E realmente dá para pensar em muita coisa.. Mas não vou reflectir tanto como o melga =) Tão lindos os teus textos =) Faz-nos pensar em tantas coisas da vida! Beijufa gande! GMDT Di

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