Pequenino, delgado e diferente, O menino da cabeça de vidro percorria aquele jardim , até chegar ao ultimo banco onde era costume sentar-se. Olhava para tudo que o rodeava, esperando pela chegada da sua diferente e amada Menina dos olhos negros.
A ansiedade era cada vez maior, e o nervosismo aumentara de minuto a minuto, e tudo isto porque as 15:15 estariam a aproximar-se, quando a hora a que era suposto encontrarem-se era as esperadas 15:00. A menina dos Olhos Negros estava atrasada!
O medo da possibilidade de ela não vir , assustava o Menino Da Cabeça De Vidro, provocando-lhe suores e pequenos arrepios … (A sua maior preocupação e medo era pensar que o ultimo beijo até aquela data, teria sido o ultimo).
Finalmente eis que chega! O brilho daquele olhar negro era perceptível ao longe, provocando um súbito relaxamento do menino. Ambos os olhares brilharam, cegando-se um ao outro, ao ponto de a única coisa que era visível, eram os pequenos e azuis corações de cada um deles.
Ele: Pensava que já não vinhas!
Ela: desculpa, sei que me atrasei, mas já devias saber que nada , nem ninguém me iria impedir de vir ao habitual encontro das 15horas. A hora não interessa! Venho sempre!
Ele: estava com medo que não voltasses!Promete-me que voltas sempre, para um ultimo beijo!
Ela: Prometo!
Ele: Que tens? Estas triste? Os teus olhos já não são tão negros como eram. Parece que estás a perder as forças.
Ela: E estou! Estou cansada e dorida!Dorida de tanta dor! E tudo, porque somos diferentes…
A conversa continuou a decorrer, e a seriedade infelizmente instalou-se. O pequeno imortal, não conseguia compreender o porquê da menina Dos Olhos Negros (mortal), se considerar diferente e como tal, algum dia teria de chegar o fim.
No dia seguinte, às 15h o menino da Cabeça de Vidro estava lá! Passaram horas e nada! Esperou, esperou, e três horas depois, ainda com a ausência da menina Dos Olhos Negros, sentiu um forte sopro na sua cara de vidro,acompanhado do perfume da sua amada ( A menina dos Olhos Negros teria acabado de beijar o Menino tendo como cúmplice o Vento)
É impressionante, como apesar do decorrer dos anos, as diferenças, algo tão “promenor”, acaba por ser crucial no destino de cada um de nós. Mesmo assim, apesar de nos consideramos modernos, estas pequenas e supérfluas diferenças são uma das razões pela qual grande parte dos amores tem um fim precoce.
O amor é daquela coisas que não evoluiu com o tempo. É sempre o mesmo e velho... amor. Dura desde o nossos primeiros passos até aos nossos últimos suspiros e continuará para lá disso com quem mais voltar.
ResponderEliminarDiferneças? Sim, existem. Cada um é diferente do seu igual. Por isso é que cada qual é especial á sua maneira. Digo eu... mas como já o outro dizia, "não são mais do que as palavras de um louco".
Como uma pequena e simples história nos pode dizer tanto?
ResponderEliminarNão tenho mais a dizer, apenas que adorei e que quero mais.
Esta tua estória fez-me lembrar cruzar o fabuloso destino de Amélie Poulain com O Principezinho. Porquê? A razão mais banal foi existir ligações claras entre o texto e os outros 'contos'. O facto de o Menino ter uma cabeça de vidro recordou-me o pintor com fracos ossos que evitava viver com medo de morrer; a horas precisas - o encontro das 15h - fez-me lembrar a frase "Se vieres, por exemplo, às quatro horas, às três á eu começo a ser feliz."
ResponderEliminarPara além desta relação clara, existem muitas outras por detrás, como o amor que nos liga (sempre) uns aos outros. Ou nos afasta.
Gostei muito :),
E sim, apesar do tempo, de todas as modernices, o amor é a 'coisa' mais cansada e velha, que ainda nos faz mexer. E esperar, mesmo por quem não prometeu voltar sempre para um último beijo.
bon voyageee *